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21-09-2013 - tabagismo
21-09-2013 - tabagismo

 


Ainda há os que defendem ferozmente o direito a se envenenarem. Pergunto-me se, depois de tanta informação científica e relação causal constatada pela observação, não conseguiram estes ver os fatos? Há uma insistente, irracional e sistemática continuidade ao vício, principalmente pelos que são pacientes.

Tenho um grande vaso de cristal na mesa do meu consultório do Centro Regional de Oncologia. Dentro deste vaso que, tão gentilmente minha esposa cedeu dos cristais da nossa casa, estão empilhadas algumas centenas de cigarros, algumas dezenas de carteiras de cigarros. É o resultado da decisão dos pacientes de pararem de fumar. Após o diagnóstico de um tumor em paciente com este vício, procuro ter uma conversa a respeito deste ato. Nem sempre é uma conversa leve e nem sempre eu sou leve. Quando aceitam largar o cigarro, eles deixam seus cigarros no “vaso da vergonha” como um marco na vida deles.

Mas, qual é o benefício dessas conversas? Eu costumo demonstrar todos os pormenores dos malefícios do cigarro e da absurda postura de não parar de fumar. Apenas quem sai ganhando é o paciente! Eu poderia ficar em silêncio e não discutir os motivos ou razões incontestáveis da suspensão do vício, que resultam em benefícios imediatos. Talvez a dureza das minhas palavras tenha uma explicação: carrego uma mágoa da minha autoria: já fui fumante pesado e por mais de uma década. 

Os motivos que me levaram a entrar neste submundo do tabagismo são os mesmos aos que quase todos são expostos: uma total falta de bom senso, acrescentada de uma boa porção de necessidade de socialização a grupos e finalmente uma infeliz necessidade de copiar e repetir o que era considerado um charme pela maioria (hoje não mais) Consegui parar de fumar de um dia para outro, após uma forte dor no peito, do lado direito. Naquela época, nove anos atrás, eu já era oncologista e não me sentia a vontade quando abordava a questão de consumo de cigarros com os pacientes. Numa terça feira à noite, eu fumei meu último cigarro e guardei a carteira, que até hoje conservo dentro do “vaso da vergonha”, como um símbolo da minha determinação. Nunca mais coloquei nenhum cigarro na boca. Não sofri muito, pois tinha a plena certeza de que tinha atingido meu ponto sem volta e que era o momento de retorno com segurança. E é esta a minha estratégia de motivação para os pacientes: quase uma “terapia do joelhazo”

Mas o que pode causar o cigarro num paciente com diagnóstico de câncer?
- Mantem uma baixa oxigenação do tumor e aumento a produção de radicais livres, com isso há uma consequente diminuição da eficácia dos tratamentos. Em alguns cânceres há uma redução de 30% na eficácia da Radioterapia e Quimioterapia quando o paciente continua fumando durante estes tratamentos. É como se 30 por cento destes tratamentos fossem jogados fora (literalmente jogados pelo ralo)

- Aumenta o risco de resistência tumoral, induzida pela produção persistente de radicais livres que se opõem a ação dos medicamentos. Além de reduzir a vascularização sanguínea no tumor, causando uma menor concentração dos quimioterápicos no local da neoplasia.

- Aumento das outras complicações associadas ao tabagismo: oclusão arterial, descompensação da bronquite crônica, isquemia cerebral, infarto do coração, etc, etc, etc...

- Aumento do risco de desenvolvimento de outros tumores, desde a boca, até o canal anal, passando pelo esôfago, pulmão, estômago, pâncreas, mama, cólon e reto, rim, fígado, bexiga, etc.

Diante de todos estes motivos e mais o fato do paciente estar tratando um tumor maligno, não entendo a obstinada insistência em manter o vício do cigarro. Inúmeras desculpas são dadas: “quero um medicamento para parar... preciso de tempo... vou diminuindo aos poucos”... Enfim, há dias em que me programo para rebater todas estas argumentações, mas logo no início sou vencido, pela falta de determinação e sinceridade nas intenções de parar. o único a se beneficiar é o paciente.

Para que os doentes possam parar de fumar, familiares precisam fazer parte deste processo. Não é possível não se solidarizar com quem sofre desta doença e não ajudar na parada do vício. Um marido ou esposa que suspendem o vício, ou familiares próximos que se aunam ao processo de largar o cigarro, melhores resultados para o paciente podem ser esperados

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