Esta semana adoeci de um resfriado como fazia algum tempo não experimentava. Adoecer hoje em dia é um luxo, pois os custos com os cuidados em saúde acabam se tornando inviáveis para uma enorme parcela da nossa sociedade. Em tempos conturbados como os atuais, o melhor é prevenir, evitar e se cuidar.
Logo no início da minha residência médica, carecia eu de convênios particulares e sempre fui assistido pelo SUS. No meu caso, pouco uso fiz dos serviços médicos sociais, pois na minha tenra idade (hoje não mais tanto), o vigor da minha juventude me garantia uma saúde de ferro!. Talvez por isso é que tenha abusado tanto sem o devido cuidado e orientação, pois nestes anos jovens costumamos ser pouco ouvidos e pletóricos de impulsos.
Hoje estou numa situação bem mais confortável, pois o trabalho me permitiu adquirir certos privilégios. No entanto, experimento de perto as vicissitudes que envolvem as peregrinações dos pacientes que ainda dependem do SUS. Em tese um sistema perfeito, com elogios sob todos os aspectos. Na prática, uma dificuldade colossal para todos, desde quem gesta o sistema de saúde, até quem precisa fazer uso do mesmo, passando pelos legionários da saúde. O SUS é sem dúvida um sistema teoricamente quase perfeito, modelo provavelmente extraído de outras experiências. Mas o grande problema está o meu ver nos grandes entraves administrativos, resultado do emperramento característico da maquinaria burocrática do nosso país. A meu ver, o atendimento a saúde poderia ter um desfecho diferente, se todas as partes pudessem cumprir seus papéis. Mas para isto acontecer, teríamos que criar um novo sistema social e comportamental: pessoas deveriam adotar novos hábitos e suspender os vícios nocivos, repartições administrativas e burocráticas precisariam agilizar os processos de exames, procedimentos e consultas, tão lentamente resolvidos. Médicos deveriam ter remunerações condizentes com a combustão desenvolvida durante todos os anos de estudo e dedicação, principalmente os de assistência primária à saúde e tornar o acesso às consultas, mais ágil. Enfim! Pedir para o sistema funcionar ou ser mais eficiente é de fato um desejo utópico, de soluções titânicas, mas que depende de todos. Não somente de quem exerce o dever de agendar ou o de atender, mas também de quem detém o direito de ser assistido.
O grande problema está sempre no fato de que é mais fácil criticar do que prevenir ou mudar a situação sem participar. Jesus dizia: atire a primeira pedra quem estiver livre de pecados. Eu digo que o melhor é prevenir. Acredito que o atendimento pelo SUS em nossa cidade é superior em muitos aspectos a outros lugares. Pelo menos desconheço dificuldades que os nossos pacientes dos serviços de alta e média complexidade tenham para serem atendidos no HCB. O que é preciso é um comprometimento de cada pessoa com a própria saúde. Não podemos simplesmente reivindicar todos os nossos direitos se não nos tornamos responsáveis pelo processo individual de prevenção.
A saúde é um direito de todos e dever do estado de garantir o acesso à mesma. Mas de nada adianta o estado garantir este direito se não existe participação ativa do próprio interessado. Levante-se e não seja apenas um espectador!. Torne-se um protagonista de sua saúde e da nossa sociedade. Seja responsável pela sua própria saúde!