Tem horas, principalmente naquelas mais reflexivas, que me pergunto: Qual é o propósito da minha existência? Se levarmos ao extremo das nossas capacidades filosóficas, corremos o risco de sofrer com a carência de respostas ou abundância de mais perguntas.
Ao adentrarmos na vida adulta, é pedágio certo nos depararmos com o desconforto costumeiro e repetitivo dessa pergunta (está parecendo o da BR290). Na grande maioria das vezes este questionamento surge como um efeito colateral das frustrações da vida, das decepções sofridas no campo profissional ou relações amorosas. A indagação de qual é ou será o propósito da vida funciona em alguns como um catalisador do desespero e em outros como uma draga que cava mais fundo nas já roídas e desgastadas autoestimas. Em outras palavras: alguns se saem bem e outros afundam!
Você já se perguntou então qual o propósito da sua vida? E se sua vida tem mais de um propósito? A propósito, sua vida tem propósito? Ou você se deixa levar pela vida, sem propósito?
Eu, às vezes ando sem propósito e acredito que isso seja produto de nossa existência agitada e sem tempo, não nos permitindo reacomodar nossos objetivos e planos em foco. O nível de exigência e velocidade da vida moderna cria uma miopia da percepção dos nossos propósitos. É prudente e imprescindível que dediquemos momentos semanais ou mesmo diários para rever qual o verdadeiro e real propósito das nossas vidas. Se temos mais de um, quais os prioritários e como evitar a substituição destes pelos prazeres fúteis e mundanos da sedutora vida moderna.
Enquanto isso eu revejo alguns exemplos no pensamento, como o de pacientes que mesmo com diagnóstico de câncer, não deixam seus vícios (leia-se cigarro, bebida, entre outros) Qual o verdadeiro propósito de tratar um câncer se continua se submetendo a fatores de risco perpetuadores, como os anteriores? Afortunadamente são poucos. De fato muitos descobrem o sentido de suas vidas após estes diagnósticos. Trata-se de uma reflexão apenas e não de uma crítica!
Da mesma maneira podemos levar estas reflexões para outras esferas ou situações, como qual o propósito dos políticos, senão servir ao povo? Qual o sentido de se exercer a profissão de educador, de psicólogo, policial, etc. Talvez devamos deixar a estes pensarem e agirem conforme foro individual, né? Impossível se inserir na realidade de outros.
Enfim, sinto que cada um deve se questionar a respeito dos seus propósitos de vida e existência e deixar os dos outros aos outros. No entanto ao refletir, torna-se importante ser e adotar uma postura de autocrítica e não de autocensura. Precisamos manter uma capacidade reflexiva ampla e que nos permita consertar os nossos deslizes e corrigir o rumo. Caio na mesma constante sempre que uso os meus exemplos médicos, talvez produto do que fui educado a fazer, que é cuidar da saúde dos outros. Mas creio que o faço com muito afinco e dedicação, apesar de não agradar sempre a todos. Mas e, precisa agradar a todos? Ou o importante é estar em sintonia com os seus propósitos e desejos? E derradeiramente, não é importante identificar o(s) propósito(s) da nossa vida e viver intensamente, sem depender da aprovação externa e sim apenas da nossa própria? Curioso é assinalar que a cada década mudam nossos objetivos, propósitos de vida, de maneira que não devemos sofrer pelos não cumpridos e nem fazer juras pelos objetivos que virão. O importante é não viver sem propósito.
Viva intensamente sua vida, sem descuidar dos seus e de si mesmo. A propósito, meu propósito é continuar escrevendo para vocês aqui, nesta coluna!