Antes de tornar o conteúdo desta coluna palco para polêmica, eu gostaria de frisar que o meu objetivo é criar um senso crítico na leitura e fornecer elementos para discussões produtivas. Não é o meu objetivo descrever ou criticar filosofias ou posturas, mas permitam-me expressar minha opinião sobre aspectos cientificamente comprovados.

                Meu pai dispunha de uma humilde biblioteca em casa, embora eclética. A maioria dos livros era de medicina, mas também havia outros universos fantásticos e únicos. Nos meus tenros 12 para 13 anos surgia uma decidida e intensa vontade pela leitura e comecei a me debruçar sobre romances de autores peruanos e estrangeiros. Os temas iam desde o folclore até a ficção científica. As poucas opções que meus pais conseguiram compilar garantiram diversos passaportes para as minhas viagens imaginárias, algumas das quais me levaram a culturas desconhecidas como a árabe, russa e indiana. Meus autores peruanos preferidos eram Cesar Vallejo, Ciro Alegria e Valdelomar. Nunca tive uma grande preferência por Mario Vargas Llosa, mesmo ele sendo da minha cidade. Conheci a Gibran Kalil através do “O Profeta” e no capítulo que fala dos filhos criei os demônios que me afastaram do meu pai. Não tive participação em nenhum sarau literário que impedisse o surgimento de ideias de insurreição, as quais destruíram as pontes de comunicação com meu progenitor, mas de forma alguma me arrependo desta leitura. Tom Sawyer e Huckleberry Finn ajudaram a tornar minha adolescência mais rica e leve. Artur C. Clarke e Isaac Asimov são os responsáveis por terem criado um registro pétreo e indelével do meu inquebrantável gosto pela literatura de ficção. Foi por isso, em grande parte, que segui carreiras científicas. Mas teve um livro que me marcou profundamente, cujo nome mal me recordo, mas que em essência era: “O poder da cura pela mente”. Este livro exerceu um efeito mágico e único na minha forma de pensar e de conduzir a minha vida, assim como nas minhas tendências literárias. Na leitura deste despretensioso livro escrito por um desconhecido neurologista, conclui que podemos exercer um efeito poderoso sobre todos os processos que nos rodeiam e que fazem parte de nós mesmos. E nada tem a ver com aquele livro chamado “O Segredo”, ou com o filme homônimo (ambos limitados na sua mensagem e apenas considerados de autoajuda), que também assisti na minha juventude, tentando encontrar uma continuação da leitura deste livro da minha adolescência.

                Assim percebi que a leitura é o mais poderoso instrumento para escalar os degraus do enriquecimento pessoal. As palavras exercem um poderoso e definitivo efeito sobre a humanidade, nas duas direções entre interlocutores. Uma palavra tem um significado, várias delas formam um ou vários sentidos, de acordo como são dispostas e o volume e riqueza de informação depende do criador das frases e sentenças. O poder da mente não é a oração, nem a fé ou espiritualidade. O poder da mente é uma experiência pessoal, individual e intransferível. Mas a mente se fortalece com o processo da leitura e exercício constante, assim como o corpo se molda nas academias. A certeza de este poder veio com a vivência na oncologia, onde vi pacientes derrotarem doenças e outros serem vencidos, fazendo referência a exemplos idênticos. Não é a toa que a Bíblia menciona que a fé (poder da mente) move montanhas.

                Explicação sobre coluna anterior: Quando me referi a Henrietta como tendo vivido um drama e mencionei que era porque era mulher e negra, explico que não o fiz de forma despectiva ou pejorativa. Na década de 50 a 60, os Estados Unidos de Norte América viviam um período de intenso racismo e as mulheres careciam dos direitos femininos conquistados pelo sexo frágil no final da década de 60, início da de 70. Portanto, espero ter me explicado e evitado ter deixado uma impressão errada com a minha frase.