O câncer de próstata é a neoplasia maligna mais comum no homem e nas últimas duas décadas recebeu significativa atenção, devido a expressivas alterações no perfil de sobrevida e nas mudanças sociais do último século. Dentro da oncologia clínica, o tumor de próstata era considerado uma espécie de “patinho feio”, principalmente devido ao estigma relacionado aos métodos diagnósticos, assim como às limitadas opções terapêuticas das quais se dispunha. Nos últimos 15 anos, dramáticas mudanças vem se operando no manejo desta neoplasia, principalmente nos aspectos terapêuticos. Infelizmente o toque retal ainda continua sendo o exame de “padrão ouro” para o diagnóstico.
Resumirei as principais novidades dos tumores de próstata, da última década.
- Os tumores de próstata não são mais apenas tratados com bloqueios hormonais. Hoje dispomos de pelo menos 4 novos remédios quimioterápicos, que funcionam de forma consistente nos cânceres de próstata que não respondem mais ao tratamento hormonal. Mitoxantrone, Docetaxel, Cabazitaxel e Abiraterone são as mais novas ferramentas do oncologista para tratar os pacientes com câncer de próstata que falha ao tratamento hormonal. Importante ainda explicar que os hormônios continuam sendo a primeira arma de controle tumoral.
- As temidas metástases ósseas agora encontraram um inimigo terapêutico muito eficaz. O Denosumab pertence a um novo grupo de remédios que ajuda a reduzir a incidência de metástases ósseas, aumentando a densidade dos ossos e reduzindo o risco de fraturas. Medicamentos como este têm sido pesquisados inclusive por astronautas devido à grande perda de massa óssea durante as viagens espaciais.
- A única vacina produzida e vendida contra um câncer é de fato para a próstata. A medicação, ainda não à venda no nosso país, se chama: Sipuleucel – T. Esta vacina é um extraordinário avanço no tratamento dos tumores, pois é preparada de forma individualizada, criando fatores imunológicos próprios de cada paciente, para seu câncer prostático. Acreditamos que a partir do sucesso desta vacina, o futuro da Oncologia esteja num maior investimento na Imunoterapia individualizada, onde cada paciente terá seus remédios produzidos para seu tumor. Aqui se aplica a máxima de “cada caso é um caso”.
- Novos métodos diagnósticos estão sendo associados ao toque retal, como ecografias mais modernas, para reduzir o desconforto e a baixa aderência dos homens a este procedimento diagnóstico. No entanto, muito tempo ainda será indispensável o exame de toque. Por ora não poderemos substituir o toque pela ecografia. Estes são exames complementares.
- O PSA não é mais um exame de rotina para todos os pacientes e NUNCA deve substituir o exame pelo urologista. Solicitações de PSA pelos pacientes a outros médicos, que não o urologista ou oncologista, têm aumentado a incidência de mortes por conta de biópsias desnecessárias e gastos com saúde pública, muito além das recomendações mundiais. (Explico: Pacientes com discretas elevações de PSA que vão a biópsias, por vezes complicam com infecções e muitos destes nem sequer tinham tumores nas biópsias)
- A radioterapia, através do uso de programações em 3 dimensões e técnicas computacionais, reduziram de forma significativa as complicações em bexiga e intestino grosso, sem perder eficácia
- Da mesma maneira, inovadoras técnicas cirúrgicas têm conseguido reduzir expressivamente os problemas de impotência sexual. A impotência deverá no futuro deixar de ser desculpa para os pacientes não operar.
Desde os 50 anos todos os homens devem procurar o urologista para orientação e avaliação. Deixe de lado seu preconceito!