Assistir o filme “os dez mandamentos” estrelado por Charlton Heston, da década de 1950 é um exercício de paciência e atenção. O filme ganhou apenas um Oscar, talvez porque dure quase quatro horas. De qualquer maneira, replicar séculos de história da Bíblia numa síntese filmográfica é um ato heroico e hercúleo. Assistir no sofá cada desdobramento das tentativas de Moisés de livrar o seu povo do domínio egípcio, requer calma e tranquilidade. Mas a maioria das pessoas hoje em dia desiste de desfrutar de um clássico destes, a não ser que se trate de um “blockbuster”, como trilogias de Jurassic Park ou longas de Star Wars.
Recentemente percebi com pesar, em função dos resultados da copa de futebol, assim como em quase todas as situações do dia a dia, que uma imensidão de pessoas é ávida por resultados imediatos. Isso se vê em outros exemplos, como no tropismo por leituras rápidas ou revisão apenas de títulos e dos quais já são desprendidas críticas ferrenhas ou até desencadeadas correntes de reprovação sem fundamento pelas redes sociais (Considero este tipo de atitude de extrema pobreza intelectual). Assim ocorreu com a jovem seleção de futebol brasileira, cujos jogadores foram endeusados pela mídia e responsabilizados de carregar todo o peso da história da amarelinha. Triste desgraça para os desavisados. A maioria das pessoas condena técnicos, jogadores e dirigentes (leia-se CBF) num piscar de olhos. É evidente e óbvio que nem tudo corre bem entre eles, mas passamos a maior parte do tempo exigindo resultados imediatos, quando exemplos de times triunfadores do mundo precisaram de décadas de organização e planejamento para conquistar solidez e consistência.
Assim sucede em todos os aspectos da vida, trabalho, relações e onde for que olhemos. Planejamento em longo prazo é a frase que gera resultados duradouros. Sem ele a existência do sucesso será efêmera e fátua. Imediatismo é o que exigimos dos nossos jogadores (Roma não foi construída da noite para o dia). Recordo de uma das colunas do Dr. Alessandro onde discorre sobre a polidez e educação da seleção alemã no mundial: “eles trouxeram um exemplo de vivência de casa para a Bahia”. Acho que ele conseguiu transmitir uma ideia tão exata do que significa projetar e se planejar, além de todas as outras benesses que nos proporcionaram com a sua educação e simpatia (para mim esta coluna pode ter tido mais de um significado valioso, mesmo). Este exemplo vem da infância, dos lares, onde se aprende com a repetição, com a imitação e o respeito aos mais velhos e experientes. Os mais jovens hoje em dia são exigidos de tal forma que eles se sentem satisfeitos com resultados imediatistas e não com desfechos em longo prazo. Em minha opinião, solidez precisa ser construída desde os primórdios da educação dentro dos lares e escolas para impedir o surgimento de imediatistas. Precisamos atingir os nossos sonhos com consistentes projetos duradouros e não apenas para obtermos a percepção da visão do que está na volta da esquina. E para piorar, agora já estão massacrando o Dunga sem ele mesmo ter sido testado numa única partida!. Por favor, deem uma chance ao homem! O tempo dirá se a escolha for correta.
O fruto do sucesso está na nossa flexibilidade de nos permitirmos mudanças e no planejamento dos nossos sonhos com projetos sólidos e consistentes em longo prazo e não com a satisfação epidérmica de resultados imediatistas. Tentemos mudar isso também e façam o esforço de assistir este maravilhoso filme da década de ’50!