Lendo um prefácio do livro: “Histórias de robôs”, de autoria de Isaac Asimov, fiquei inclinado a registrar em tinta e papel alguns pensamentos relativos aos nossos medos pelas mudanças.
Como seria lógico e evidente de se pensar, o prefácio deste livro envolve o temor humano, porém irracional, de robôs e maquinas com capacidades que poderiam um dia superar a inteligência humana. E Isto é explicado pelo medo de experimentar mudanças. O ser humano tem dificuldades em se aventurar no que é novo e, como atitude preservativa, desconfia de tudo que desconhece. Definitivamente, a maioria dos seres humanos prefere o comodismo do que já foi testado e é funcional, desconfiando do que é novo. Isto se aplica a todas as esferas, todas as áreas e situações. Diferenças culturais com países mais avançados como o Japão, onde o pioneirismo na robótica permite que as pessoas estejam alguns degraus acima da nossa capacidade em aceitar estas inovações tecnológicas, ratifica e sustenta de forma sólida a tese do medo às mudanças.
Mas o medo às mudanças na maioria das pessoas é tão presente no dia a dia, em quase todas as atividades, que quando identificamos o sucesso de alguém, é porque o autor não teve medo de mudar e enfrentar o desconhecido. Na totalidade das vezes uma mudança foi exercida pelo empreendedor que teve sucesso. Os expectadores deste sucesso estão tão adormecidos com a repetição do que conhecem, que o ineditismo assusta e ameaça o seu status quo. A aceitação das novidades por estes, assim como o processo de reeducação, é muito vagarosa, tornando mais confortável manter o usual e não sair da “zona de conforto”
Da mesma maneira considero que profissionais que se aventuram por novas paragens, também precisam desbravar a desconfiança de seus novos clientes e romper com as barreiras que lhes são impostas. Aparentemente natural, porém não lógico, que estes recém-chegados sejam motivo de desconfiança. Um dia estes profissionais são novidade e no outro se tornam elementos da rotina e médicos de confiança, numa rotatividade incessante. Foi assim comigo e com todos os colegas que vieram antes de mim. Também aconteceu com os cubanos e continuará a acontecer com os doutores que virão no futuro. Nas outras profissões e áreas acontece da mesma maneira. Mas mudanças são necessárias para o crescimento. Ficar se adaptando e crescendo com as dificuldades é uma maneira de progredir. O prefácio do livro que menciona o nosso medo dos robôs é apenas um exemplo do que vemos toda hora. A história humana está repleta de exemplos de obstinação de alguns e as inúmeras dificuldades que tiveram que superar decorrentes do medo à reeducação da maioria: Galileo Galilei, Copérnico, Steve Jobs, Einstein, Amy Weinhouse, Dilma Rousseff, Buda, Aristóteles, entre milhares e milhares.
O importante não é simplesmente se adaptar as mudanças ou aceitar as novidades, mas o que conta é podermos fazer parte da mudança ou até mesmo “cada um de nós ser a mudança” A mudança está nas atitudes do dia a dia, não na necessidade egoísta de ser notado e lembrado. A maioria dos pacientes que trato são exemplos de coragem e valor por não terem medo de mudar paradigmas.