Desde o primeiro momento que uma pessoa desconfia de uma doença tumoral, onde for que ela se localize, uma odisseia se desata, tanto no sentido físico quanto no psicológico. O paciente começa a se apalpar e tentar se entender. O que poderia estar acontecendo de errado com seu corpo? Isto acontece com todas as doenças, desde as inflamatórias e infecciosas, até as tumorais. Angústias, medos, temores, ansiedades, pânico, alívio, etc. Tantos sentimentos misturados, às vezes acontecendo ao mesmo tempo, levam os pacientes a cometer alguns erros. Às vezes estes erros são mais o resultado do medo do que de fato da ausência de acesso à informação.
O que muito constato, é que o primeiro conselheiro procurado, hoje em dia, é o popular “Dr. Google”. Devo ratificar que este senhor não possui diploma de nenhum tipo de faculdade e sua formação é em muitos casos duvidosa, no mínimo questionável. Consultar a internet, qualquer que for seu nível, requer uma dose titânica de senso crítico e não de crítico sem bom senso. As informações no Google são jogadas sem qualquer tipo de julgamento crítico. Muitas vezes é somente o título do assunto que garante maior número de cliques (títulos sensacionalistas) e em outras é a possibilidade de pagar por uma melhor veiculação e propaganda do seu link. Além disso, ninguém mais se preocupa pela data em que determinada informação foi liberada. E se não bastasse, nem a fonte mais é importante. Blogs, páginas jornalísticas e outras fontes do gênero não são nem de perto fontes confiáveis ou creditáveis. Opiniões de experts na área devem ser levadas a sério, mas sempre que as mesmas sejam fundamentadas na ciência e não apenas em observações subjetivas. Fontes seguras da internet são de universidades e entidades sérias que emitem pareceres baseados em evidências científicas e não apenas em dados aleatórios e/ ou “achismos”
A segunda constatação é que muitos pacientes procuram o alívio de suas angústias em experiências alheias, de pessoas que nada entendem da doença, acabando por deteriorar e piorar as expectativas das pessoas. Muitas vezes acabam se espelhando em situações que nada tem a ver com seus casos. “Tipo: eu tenho câncer de pele e ele de pâncreas. Ele usou este remédio e agora está curado. Tenho que usar o mesmo remédio dele!” É absolutamente errado usar informações de outros pacientes, vizinhos ou conhecidos como o guia para a elucidação das dúvidas. Mas a maioria das pessoas, na sua mais inocente ignorância, acaba sempre procurando antes estas fontes do que os médicos. Em lógica aristotélica, isto seria uma falácia: obter uma afirmação a partir de duas premissas contraditórias ou no mínimo não relacionadas.
Os contextos acima são os maiores criadores de “Mitos e Mentiras” sobre as doenças, em especial o câncer. A informação tem que ser procurada com quem entende: um problema do coração com cardiologista; perna fraturada com traumatologista; diabetes com endocrinologista e assim sucessivamente até o câncer com o oncologista. Ter medo de procurar a resolução das dúvidas com um médico, “é dar sorte ao azar” Ninguém está melhor preparado do que ele para resolver ou esclarecer suas dúvidas. As populares receitas caseiras como limão com bicarbonato, babosa com mel, cogumelo do sol, babosa com cachaça, assim como tantas outras, fazem parte do mosaico folclórico do conhecimento popular, que embora nem sempre errado, cria falsas esperanças nas pessoas, em grande parte devido ao desespero que muitas vezes os invade. Este desespero é frequentemente infundado, por fantasmas criados pelos mitos e mentiras adquiridas em experiências vividas com outros leigos e neófitos.
Obrigado ao Milton Jacobi por sugerir o assunto desta coluna, pois é cada vez mais importante ter senso crítico de leitura e não ser apenas mais um crítico na leitura de assuntos em saúde. Muita especulação é gerada com concreta intenção sensacionalista, possibilitando a manipulação da população leiga, quando se tratam assuntos de saúde, especialmente os relativos aos tumores. Não leiam apenas os títulos. Esgotem todo o conteúdo a ser lido.
NÃO COMETA O ERRO DE SE AUTOMEDICAR, DE SE AUTODIAGNOSTICAR E ADIAR A IDA AO SEU MÉDICO.