COLONOSCOPIA E ENDOCOPIA
Conversando com os colegas do Serviço de Endoscopia do hospital da nossa cidade, constatei que dispomos de um grupo de excelência no que se refere ao atendimento e tratamento pelos exames de endoscopia da região. Aqui trago para vocês trechos da uma conversa sobre as novidades relacionadas a este tipo de exame, que muitas vezes é mal compreendido e que deveria ser visto como uma dádiva da medicina atual da nossa cidade.
“Hoje avançamos muito em relação ao diagnóstico e tratamento por endoscopia. Os aparelhos e seus resultados agora são feitos em alta definição (popularmente dito como HD). Estamos fazendo, com mais segurança, diagnóstico de pólipos, tumores em fases iniciais e lesões pré-cancerígenas e em alguns casos bem selecionados, podemos retirar lesões através do uso do aparelho da endoscopia. O importante é sempre lembrar que a ressecção endoscópica tem suas limitações e não pode ser usada em todos os casos.”
“Em relação ao cólon (intestino grosso) estas lesões são ainda muito mais comuns e, portanto o número de procedimentos é consideravelmente maior também. As ressecções por endoscopia de lesões tumorais ou suspeitas são menos invasivas e menos extensas, com grande potencial de cura ou prevenção, menor morbidade e na grande maioria das vezes, feitas de ambulatório. Obviamente que tais lesões devem ser bem avaliadas e caso haja dúvida em relação à profundidade de acometimento do cólon, o médico irá orientar o melhor procedimento. Pode se usar do ultrassom endoscópico para avaliar a profundidade e presença de linfonodos (ínguas), para assim tomar a decisão sobre qual a melhor forma de retirar o tumor. As lesões suspeitas devem ser avaliadas através destes aparelhos de alta definição de imagens, para sua classificação. Esta avaliação tem enorme capacidade no diagnóstico de adenomas, tumores precoces e até lesões avançadas (estas últimas não factíveis de ressecção endoscópica). Lembrar que até 1/3 dos adenomas podem virar câncer entre 5 a 10 anos após a sua descoberta e se precocemente identificadas pelos exames endoscópicos, teremos evitado uma neoplasia. As ressecções vão das simples polipectomias até complexos procedimentos como mucosectomia (remoção da mucosa do intestino ou estômago) ou ressecções submucosas (segunda camada do órgão).”
“Hoje em dia sabemos que os exames endoscópicos (endoscopia e colonoscopia) devem ser realizados de rotina a partir dos 45 e 50 anos, respectivamente.”
“Os seguintes sintomas devem ser considerados como alerta vômitos contínuos, perda de peso, anemia, dores abdominais persistentes, refluxo e má digestão. Também temos outros como a dificuldade para engolir, história familiar de câncer de estômago ou cólon, alteração do hábito intestinal, diarreia persistente, sangramento nas fezes e doença inflamatória intestinal (Crohn ou Retocolite) Estes contextos devem chamar a atenção para uma pronta realização de exames endoscópicos. Pessoas acima dos 85 anos não têm indicação para realização destes exames em caráter preventivo. Sabemos que cerca de 80% dos casos do câncer colorretal se originam de lesões precursoras (tipo pólipos e lesões precoces) e a colonoscopia consegue prevenir o câncer colorretal em 66-90% dos casos. O câncer colorretal esporádico (aquele que não tem relação com fatores familiares ou síndromes hereditárias) corresponde a 70% dos casos, geralmente na idade acima dos 50 anos.”
“A frequência de repetição dos exames deve ser condicionada aos resultados endoscópicos (Endoscopia Digestiva Alta ou Colonoscopia), da seguinte maneira:”
* 3-6 meses em paciente com lesões precoces, lesões com displasia de alto grau, acompanhamento pós-tratamento da infecção por H.pylorii, acompanhamento de úlceras gástricas.
** 1-3 anos em algumas gastrites e esofagites, pólipos adenomatosos e hiperplásicos, lesões ressecadas menos agressivas e acompanhamentos pós colectomias por câncer de cólon e câncer gástrico, ressecados.
*** 5-10 anos em pacientes com exames normais e pequenas alterações.
Meu objetivo com este assunto é trazer ao público informações que muitas vezes não são discutidas mesmo nos consultórios por tabus e medos contraídos pela inércia da desinformação. A retirada de tumores iniciais a partir do exame de endoscopia ou colonoscopia, já sendo feita na nossa cidade, é sinal da modernização da medicina e que a mesma encontra-se não somente nos grandes centros.
Se já tem mais de 45 ou 50 anos, não se esqueça de se programar para a sua endoscopia e colonoscopia. Desta forma estará sim desempenhando seu protagonismo na prevenção do câncer.