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15-06-2014 - histórias de um radiologista
15-06-2014 - histórias de um radiologista

 

                Segunda-feira, final da tarde, o relógio passava das 18 h. Estava eu saindo da minha sala quando escuto meu nome no corredor. Era uma simpática senhora, que me pareceu familiar, mas não reconheci no primeiro momento. Com grande ansiedade me contou que seu marido, o Sr. X, havia sido atropelado e estava fazendo um Rx, enquanto ela aguardava preocupada no corredor. Entrei na sala do Rx para falar com o Sr. X, ao invés de aguardar o término do exame.

                Ele apresentava algumas escoriações nos membros e face e mostrou-se confuso, não sabendo o que havia ocorrido. Na minha segunda pergunta, a sua fala já estava arrastada e ao fazer um terceiro questionamento não obtive mais respostas. O olhar ficou fixo e os movimentos diminuíram. Neste momento percebi a extrema gravidade do quadro: um paciente que, lúcido e consciente chegou, estava entrando em estado de coma em poucos segundos. Suspendi imediatamente o Rx, retiramos o paciente da mesa de exames e literalmente corremos para a sala de tomografia computadorizada (TC). O paciente foi posicionado na máquina com agilidade e velocidade pela equipe, enquanto fazia uma ligação para o neurocirurgião do hospital. Em poucos minutos as imagens da TC estavam disponíveis na tela do computador e mostravam um grande hematoma subdural com sangramento ativo. A situação era de extrema urgência. O paciente já não respondia a estímulos, tinha pupilas dilatadas e membros sem movimentos. O neurocirurgião orientou levarmos o paciente ao bloco cirúrgico, a fim de drenar cirurgicamente o hematoma cerebral.

                A situação era grave e urgente. Felizmente reconheci a natureza do quadro e a TC feita naquele exato momento permitiu o diagnóstico correto e preciso do hematoma. O diagnóstico correto, rápido e preciso permitiu a intervenção imediata no paciente, mas ainda dependíamos da reação dele na cirurgia. Iniciava-se uma angustiante batalha entre UTI, recuperação e controle de possíveis complicações e sequelas. O Sr. X, um senhor já de idade avançada, é um grande conhecido da minha família, das partidas de tênis da SRB. Felizmente apresentou uma ótima recuperação e retomou a sua vida, sempre com muito bom humor, simpatia e simplicidade, com um belo sorriso no rosto, dando exemplos de vida para os filhos e netos.

                Escrevo este relato a convite do meu colega, o Dr. Sören, para mostrar um pouco da rotina do médico radiologista, especialista que fica fechado na sua sala interpretando exames, com pouco contato direto com pacientes, sendo que muitos nem sabem da nossa existência. Situações como a descrita acima são frequentes, especialmente quando trabalhamos num centro de diagnóstico por imagem dentro de um hospital de referencia como o HCB.

                A radiologia e diagnóstico por imagem é uma ampla área da medicina. Auxilia no diagnóstico e compreende diversos métodos de imagem, incluindo os raios-x (Rx), Tomografia computadorizada (TC), Ressonancia Magnética (RM), mamografia (MMG) e ultrassonografia (US). O médico radiologista realiza as ultrassonografias, além de interpretar todos os exames já descritos acima. A função do médico radiologista é muito ampla, envolvendo desde o controle de qualidade na realização do exame, até a liberação do relatório ou laudo com a descrição dos achados e possíveis conclusões. Geralmente, na nossa rotina não temos um contato direto com o paciente, mas sim com os colegas médicos, com quem trocamos informações clinicas e acerca das alterações encontradas nos exames de imagem.

                As informações clínicas do paciente são de extrema importância para chegarmos ao diagnóstico correto pelos exames de imagem. Ao contrário do que muitos pensam, não basta apenas olharmos uma imagem para concluirmos o que o paciente tem. O diagnóstico é formado por um conjunto de informações clínicas, laboratoriais e exames de imagem. Uma imagem é apenas uma imagem, podendo ter significado completamente diferente, quando analisada com informações clínicas e sintomas específicos. São realmente poucos os casos onde o diagnóstico é feito, sem sombra de dúvidas, apenas pela imagem.

                Existe também outra área da radiologia que se dedica a procedimentos invasivos, incluindo as biópsias, demarcação pré-cirúrgica, assim como drenagem de coleções. Através destes procedimentos chegamos a diagnósticos histológicos de maneira menos invasiva, com mínimos riscos e de forma mais rápida, evitando, em alguns casos, um procedimento cirúrgico.

                O centro de diagnóstico por imagem (CDI) do HCB é um serviço completo, onde possuímos todos os métodos de diagnóstico descritos acima, funcionando de sol a sol, com serviço de urgência 24 h por dia. Hoje somos dois médicos radiologistas e aproximadamente 37 funcionários no setor, entre enfermeiros, técnicos em enfermagem, técnicos em radiologia, secretários, digitadores e auxiliares administrativos, todos engrenados para que os exames sejam realizados com a maior celeridade e perfeição possível.

                Espero ter contribuído para desvendar minha desconhecida especialidade médica que muito faz em benefício de médicos e pacientes. Meu email: dbantiago@gmail.com

Dr. Daniel Brescovit Santiago

Radiologia de diagnóstico por imagem

CDI- HCB –Cachoeira do Sul 

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